sexta-feira, 14 de agosto de 2009

É estranho como, em dada altura da nossa vida, olhamos para trás e percebemos o quanto mudámos sem dar por isso. Pensamos nas coisas de que gostavamos, no modo como agiamos em determinadas situações, no tipo de relação que tínhamos com certas pessoas no passado. E, comparando com o que vivemos no presente, notamos a enorme diferença que, afinal, existe entre um e outro. Crescemos, amadurecemos, as nossas vontades e desejos mudam, a forma de pensar e ver o Mundo passa a ser outra... E, tal como acontece conosco, acontece também com as pessoas que conhecemos. E se na maioria das vezes o processo evolutivo por que passamos vai-se moldando ao dos outros à medida que vai acontecendo, há certos casos em que isso não se passa.

Existe aquela pessoa com quem a afinidade de outrora - enquanto crianças e/ou adolescentes - vai desaparecendo aos poucos... A personalidade que costumava encaixar tão bem com a nossa, os gostos em comum, a mesma maneira de pensar, o interesse pelos mesmos assuntos, tudo acaba por desvanecer. Mas continuamos a tentar manter a amizade de antes, a estar juntos/as, a sair à noite, a combinar cafés... Só que já não é a mesma coisa. Tudo mudou e insistir uma e outra e outra vez não nos faz ultrapassar essa diferença. E depois dão-se os mal entendidos e o inevitável choque de personalidades. Porque já não queremos a mesma coisa da vida, não olhamos para o Mundo da mesma forma, nem o modo de estar e ser é sequer semelhante. E se, por muito que nos esforcemos, não funciona naturalmente, então não sei se valerá mais a pena...

Custa a aceitar. Pensar que não há tanto tempo assim eramos um/a dos/as melhores amigos/as dessa pessoa, faziamos tudo juntos/as, partilhavamos todos os momentos das nossas vidas e que actualmente tudo não passa de memórias. Memórias que não se voltam a repetir e, pior que isso, porque já nem sequer queremos que se repitam... Chegamos mesmo a não entender como é que um dia foi tudo o que foi e, agora, isto...

3 comentários:

  1. É estranho, e às vezes custa muito e podemos não saber lidar bem com isso. Mas é a ordem natural das coisas. A certa altura na minha vida, tive que decidir por um ponto final nas minhas amizades do liceu. Porque estava farta de tentar uma e outra vez recuperar aquilo que tinha tido, ainda há tão pouco tempo, e magoar-me cada vez mais. Na altura custou muito, claro, e não estamos zangados, nada disso! Simplesmente às vezes é preciso (com maior ou menor esforço) admitir que estamos diferentes, e que essa mudança não é necessáriamente má ;)

    ***

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  2. Identifico-me totalmente com este texto.
    Tenho (ou tive, talvez seja esse o melhor tempo a usar) amizades assim: que se foram desvanescendo com o tempo. Outrora pensava, disse-o e senti-o que seria para sempre, que a cumplicidade e o sentimento que nos unia jamais poderia ser quebrado. E de repente... nada. Nós mudamos, eles mudam e a amizade deixa de ser suportável. Já não queremos o mesmo, só que insistimos nas memórias do que fomos, como se isso fosse suficiente. E depois chega-se à triste conclusão que não é.

    Mas!, como alguém me costuma dizer muitas vezes: c'est la vie! :)

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  3. É verdade. Acho que, feliz ou infelizmente, faz parte, ser assim. E não me parece que possamos realmente fazer muito para mudar isso... Há que saber seguir em frente, feliz, independemente e desejar o mesmo à outra pessoa. :)

    Também acredito que, quando tem que ficar, fica. É porque estava certo dessa maneira. :)

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